quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O encontro do português com a matemática

As pessoas se dividem em dois grupos: As que gostam de português e as que preferem matemática.
As que gostam de português são mais leves, gostam de fantasiar as histórias, e se for a própria história então, melhor ainda. Elas nunca estão perfeitamente conectadas e são facilmente apaixonáveis. Olham o lado abstrato da coisa e aquele detalhe que ninguém percebe, são elas que reparam. São romancistas natas e seguem sempre a segunda opção.
As que gostam de matemática são diretas, concentradas. Tem uma percepção curta mas um raciocínio abrangente. Preferem as coisas palpáveis àquelas subjetivas e tem os pés absolutamente presos no chão. Porém são menos sentimentalistas e com isso conseguem um controle maior da situação. Controle esse que as pessoas que gostam de português não fazem questão.
 Afinal, pra que serve ter controle quando esse controle é dividido entre outras pessoas. Controlar, o ar que está em sua volta, sabendo que a partir do momento que ele está a volta do outro ele já não está mais sujeito aos seus domínios é valido?
Falando agora em cores e cenários, eu vejo as pessoas do português ( tudo bem pra vocês se eu chamá-las assim?) num tom entre o amarelo o vermelho e o alaranjado, com bastante sol de fim de tarde, aquele sol redondo e tostante.
As pessoas da matemática vejo rodeadas de azuis. Azul acinzentado, azul profundo, azul anil. Em um mar, um mar cristalino, transparente, sendo banhadas pelos primeiros raios de sol do dia. Aquele sol leve, quase frio.
Imagine então que duas pessoas vão à um encontro. A mulher amante da matemática. O homem admirador do português. Depois do jantar eles vão para suas respectivas casas e são interrogados pelos amigos:
- E então, como foi, querida?
- Foi ótimo.
- Conta mais. Ele é cavalheiro?
- Sim. Abriu a porta do carro para mim, afastou a cadeira para eu sentar e fez questão de pagar a conta.
- Como ele estava vestido?
- Camisa social azul cinza de riscas de giz, calça preta e sapatos pretos.
- O que vocês pediram?
- Yakisoba com molho adicional, biscoitos e rolinho primavera. Terceiro item da página três do cardápio.
- Você está apaixonada?
- Não poderia estar mais.

- E então, como foi, cara?
- Foi esplêndido, muito melhor do que eu imaginava. E pensar que eu já sabia que seria muito bom. Como não ser não é? Superar minhas expectativas foi o que ela mais fez, e em todos os aspectos. Ela abrilhantou minha noite.
- Fala mais! Você foi cavalheiro?
- É o que eu realmente espero ter sido. Afinal, olhei nos seus olhos por todos os minutos. Impossível não olhar! Aqueles olhos penetrantes e negros como a mais calada noite requerem atenção. Também segurei sua mão. Mas isso não foi por puro desejo. Foi mais que isso. Foi necessidade, como não estar em contato com uma pele tão doce? Não via modo.
- Como ela estava vestida?
- Lindamente. E ela sabia disso. Seu corpo estava bem guardado em um vestido leve e de cores fortes. Combinava tanto com sua personalidade que eu acho que foi feito especialmente para ela. Aquele vestido a fazia cintilar.
- O que vocês pediram?
- Comida chinesa. Que estava uma delícia por sinal. Não me contive e elogiei o chefe, afinal, sua comida embalou minha noite.
- Você está apaixonado?
- Não poderia estar mais.

Perceberam a sutil diferença?
Mas acho que perceberam também que por mais diferente que sejam, quando se unem, viram um só.

2 comentários:

  1. E você ,prefere português ou matemática?

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  2. Senti que esse texto foi inspirado em alguma coisa não muito longe XD E adorei a analogia de pessoas e matérias. Realmente têm ligação, ou não existiria o tal 'gosto' por cálculos ou palavras.

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