Eu sentia seu caminhar nas ruas.
Ouvia seu cheiro. Tinha certeza que você colocava toda a sua esperteza nas mais
simples ações. O modo como você puxava o ar, como se ele fosse tão dispensável
quanto os paralelepípedos da rua da frente... Esnobava tudo, mesmo o que lhe
era vital. Sua própria existência não estava atrelada a nada que pudesse se
esvair. Você era inteira.
A mim
nunca reservou uma palavra, ainda assim me detinha como sendo seu. Participava
de todos os meus planos, de todos os meus sonhos. Não era, porém, meu par, uma
vez que já me era inteiro em si. E eu era levado, como as espumas que boiam
inconscientes na crista das ondas, não parecem ter escolha, participam do
espetáculo em que figuram. Todavia, a obrigação de estar naquele cenário não
faz com que pareçam menos satisfeitas. Assim estou eu, perfeitamente
confortável com minha condição de existir para não ser e sim para assistir-te.
É assim
em qualquer lugar, sob qualquer circunstância. Não luto mais contra a
influência que seu existir tem sobre mim, apenas aguardo. Já é algo tão
concreto que me constrói, corrói, destrói. Não sei mais. Só sei que é certo.
Tão certo.
Minha escritora favorita. (:
ResponderExcluirCara, arrepiei demais <3
ResponderExcluirSensacional!
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